Gêneros textuais:
definição e funcionalidade
A linguagem é uma forma de interação entre as pessoas, através dela
expressam seus pensamentos e transmitem informações. Nesse processo de
interação verbal são produzidos os discursos que estão presentes tanto na vida
pessoal como na vida social. Os discursos se manifestam por meio dos textos,
orais ou escritos. Uma das funções da escola é proporcionar aos alunos
condições de acesso ao conhecimento lingüístico, propiciando um conhecimento da
língua que lhe permita compreender e produzir discursos orais, ser um leitor
fluente e crítico, interagir verbalmente de forma apropriada e usar
multifuncionalmente a escrita.
A diferença entre Gênero Textual e Tipo Textual
faz-se importante para direcionar o trabalho do professor de língua na leitura,
compreensão e produção de textos. Segundo Marcuschi os gêneros textuais se
apresentam como práticas sócio-históricas, surgem relacionados com as
necessidades e atividades sócio-culturais, com as inovações tecnológicas e
possuem vínculo forte com a vida cultural e social. Mesmo tendo poder das ações
humanas nos contextos discursivos, os gêneros textuais não são instrumentos
engessadores da ação criativa, pelo contrário, apresentam-se como maleáveis e
dinâmicos. É difícil dar uma definição formal aos gêneros, mas eles devem ser
entendidos pelo papel que desempenham e seus usos condicionamentos
sócio-pragmáticos
Fazendo uma busca histórica é possível perceber que as novas tecnologias,
principalmente as ligadas à comunicação propiciaram o surgimento de novos
gêneros textuais. O que impulsionou este surgimento foi à intensidade dos usos
dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias.
Deste modo os grandes meios de comunicação como o rádio, a televisão, a revista,
o jornal e etc vão abrigando e propiciando novos gêneros muito característicos
como os editoriais, as notícias, telegramas, telefonemas, teleconferências,
bate-papos virtuais. Isto ocorre porque os meios de comunicação possuem
presença expressiva nas atividades comunicativas, vale ressaltar que estes
gêneros não são absolutamente novos e sim inovadores.
Em relação à linguagem se estabelece uma nova relação com seus usos. No
contexto das novas mídias as fronteiras entre oralidade e escrita se desfazem,
são criadas formas de comunicação próprias com caráter hibrido rompendo com a
visão dicotômica ainda presente em vários livros de língua portuguesa.
Marcuschi faz uma distinção entre tipo textual e gênero textual, traz uma
definição que permite entender as diferenças com certa facilidade:
- Tipo Textual é para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza lingüística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais são poucos como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Nos tipos textuais o que os caracterizam são os traços lingüísticos predominantes. Um conjunto de traços que forma uma seqüência e não um texto.
- Gênero Textual
é para referir os textos
materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas
por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Os
gêneros são inúmeros, não dá para dar exemplos de todos, alguns seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta
pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de
condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de
remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor,
inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea,
conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais, etc.
Uma outra noção que vem sendo muito utilizada é a de domínio discursivo que não se caracterizam como textos e nem como discursos, mas proporciona o surgimento de discursos bastante específicos. Deste modo é importante esclarecer o que é um texto que segundo o autor é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual e discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instancia discursiva. Assim o discurso se realiza nos textos.
Uma outra noção que vem sendo muito utilizada é a de domínio discursivo que não se caracterizam como textos e nem como discursos, mas proporciona o surgimento de discursos bastante específicos. Deste modo é importante esclarecer o que é um texto que segundo o autor é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual e discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instancia discursiva. Assim o discurso se realiza nos textos.
Realizando uma crítica aos livros didáticos, Marcuschi diz que a
expressão “tipo de texto” encontrada nos livros e em nosso dia-a-dia é
empregada de forma equivocada, não designa um tipo e sim um gênero textual.
Aponta que os gêneros textuais realizam dois ou mais tipos textuais, desta forma
o texto é tipologicamente variado (heterogêneo). Um exemplo dado pelo autor é o
da carta pessoal que é um gênero e pode conter tipo textual narrativo,
argumentativo e descritivo numa carta apenas. Podemos perceber então que nos
gêneros textuais há grande heterogeneidade.
Portanto quando dizemos que um texto é narrativo, descritivo ou
argumentativo estamos nomeando o predomínio de um tipo de seqüência de base. O
autor diz que quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma
lingüística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos
em situações sociais particulares.
O texto pode se apresentar com uma configuração hibrida. Exemplo de carta
pessoal, mesmo que a autora esqueceu de assinar se nome, ou de colocar uma
saudação. Esta característica do texto tem a expressão “intertextualidade
inter-gêneros” que designa o aspecto da hibridização ou mescla gêneros em que
um gênero assume a função de outro. Em relação à “heterogeneidade tipológica”
do gênero, é um gênero realizar várias seqüências de tipos textuais, exemplo
artigo de opinião (gênero funcional) com o formato de outro (poema).
Marcuschi
toma como ponto de partida os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e
prioriza o trabalho com os gêneros textuais na escola, diz que o conhecimento
do funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto para a produção como
para a compreensão. Ressalta que é preciso ter cuidado com a idéia de gêneros
orais e escritos, pois esta distinção é complicada e deve ser feita com clareza
uma vez que os gêneros se distribuem pelas duas modalidades desde os mais
informais aos mais formais em todos os contextos e situações cotidianas. O
trabalho em sala de aula pode trabalhar com os gêneros de forma que leve os
alunos a produzirem e analisarem eventos lingüísticos diversos, escritos ou
orais, identificar os gêneros com cada um, assim o trabalhos torna-se produtivo
levando os alunos a uma prática de escrita, de produção também.
Concluindo
que os gêneros textuais fundam-se em critérios externos (sócio-comunicativos), enquanto
os tipos textuais fundam-se em critérios internos (lingüísticos e formais),
podemos dizer que os professores abordando os gêneros no trabalho dentro da
sala de aula, estará dando ao aluno a oportunidade de se apropriar devidamente
de diferentes gêneros textuais socialmente utilizados, sabendo
movimentar-se no dia a dia da interação humana, percebendo que o exercício da
linguagem será o lugar da sua constituição como sujeito. A atividade com a
língua, assim, favoreceria o exercício da interação humana, da participação
social dentro de uma sociedade letrada.
Aproveite para saber mais e clique AQUI para ler o artigo de Marcuschi completo!
MARCUSCHI, L. A. Gêneros
textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P. et al. (org.) Gêneros textuais & ensino.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 19-36.
Muito últil para meu estudo.
ResponderExcluirParabéns e muito obrigada! A equipe me ajudou muito na pesquisa.
ResponderExcluirESTER GILDA