A FORMAÇÃO DO PRODUTOR DE TEXTO ESCRITO NA ESCOLA


Segue o resumo do artigo “A formação do produtor de texto escrito na escola: Uma análise das relações entre os processos interlocutivos e os processos de ensino”. Este artigo se encontra no Livro “Reflexões sobre práticas escolares de produção de texto”, das organizadoras Maria da Graça Costa Val e Gladys Rocha. Este livro é uma coletânea com vários artigos que refletem sobre o processo de apropriação de habilidades textuais-discursivas pelo aluno no ensino fundamental, principalmente nos primeiros anos de escolarização. O aluno é visto como um sujeito que elabora seu conhecimento sobre produção de texto a partir da interação com os seus próprios textos.     


A FORMAÇÃO DO PRODUTOR DE TEXTO ESCRITO NA ESCOLA:
UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE OS PROCESSOS INTERLOCUTIVOS E OS PROCESSOS DE ENSINO

Os formadores de produtores de textos competentes sempre se debatem com questões como “o que significa escrever” e “o que significa ensinar a escrever”. Essas questões representam duas concepções, uma tradicional, que manda escrever e outra que objetiva entender os processos de escrita, para poder ensinar.
Estudos realizados por (LEAL, 1992, 1999) mostram que o que se ensina na escola, transforma o texto escrito em um objeto fechado em si mesmo. Entre o que se ensina e o que é desejável ensinar na escola é que surgem as questões levantadas acima. Neste texto vamos abordar a relação de interlocução como base do processo ensino-aprendizagem do texto escrito.

Um pouco de reflexão

Pensar o ensino de produção de texto requer pensar, que um texto produzido por um aprendiz manifesta-se como o produto de um sujeito, que busca estabelecer um determinado tipo de relação com o seu interlocutor.
Para que se escreve? Uma das respostas possíveis é: para ser lido e compreendido. Os alunos quando produzem os seus textos, em qualquer momento de sua vida escolar, esperam uma resposta ao que produziram. De acordo com Bakhtin (1992, p. 294), “o locutor termina seu enunciado para passar a palavra ao outro ou para dar lugar à compreensão responsiva ativa do outro.”
O aprendiz (o aluno), na escola, ao dar lugar à compreensão responsiva ativa do outro (o professor) espera dele algum retorno, mas não qualquer retorno, mas não qualquer retorno, mas algo capaz de permitir uma dialogia, promovendo um momento de produção de sentido, de dizeres e de trocas significativas. Por isso se já nas primeiras aprendizagens o aluno obtém como resposta à sua produção de texto o silêncio (atividades arquivadas em seu caderno ou pasta, nota ou um visto), este aluno encontra-se destituído das reais possibilidades de interação.
Observando o que acontece em determinadas práticas de sala de aula, percebemos que na escola, o aluno não escreve para ser lido, mas para ser corrigido. A escola elimina a atitude responsiva ativa, porque o aluno sabe que nada ou muito pouco pode esperar como resposta ao que produz. Podemos analisar que o FIM colocado pelos aprendizes, nas suas produções de texto, não indica para o seu leitor que o texto ali se encerra, mas sim que ele sabe que não irão existir respostas para o seu texto, que não haverá continuidade e que não existirá espaço para um diálogo.
Os produtores de texto são sujeitos que interagem verbalmente e o fazem a partir de um lugar social e histórico determinado. Aquele que ensina a escrever e que, é o leitor privilegiado dos textos produzidos pelos aprendizes devem fazê-lo com os olhos da compreensão, reconhecendo os textos como instâncias discursivas individuais, e que carregam consigo um conjunto de fatores ou de determinantes.

O texto: interlocução e interlocutores

Não é possível gerar produtores de textos, somente compreendendo os determinantes da interação. Para o aluno aprender a escrever, ele precisa encontrar interlocutores, colocar-se em dialogia, encontrar espaços para a atividade humana de expressão, articulando os seus textos às diferentes necessidades e interesses que se encontram nas suas condições de existência, nas suas práticas sociais.
Formar produtores de textos não é uma tarefa que vai estar completada nas séries iniciais, mas constitui um longo processo, que deve ser iniciado provocado, sustentado e desenvolvido ao longo das experiências escolares. O sentido maior da produção de texto nas primeiras aprendizagens é garantir a escrita como um bem cultural, no processo de ampliação e compreensão do mundo. Como é que formamos leitores e produtores de texto? É na comunidade (comum-unidade) é na relação com o outro. Não é no rigor do olhar, nem nos atos de indiferença que se encontra a saída. Ela está no quanto àquele que ensina e aquele que aprende se abrem, cada vez mais, para a compreensão ativa.


    

VAL, Maria da Graça Costa.; ROCHA, Gladys. Reflexões sobre práticas escolares de produção de texto: o sujeito-autor. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 205 p. (Coleção linguagem e educação; 10).

3 comentários:

  1. Eu gosto muito de produzir os textos da minha empresa, além de serem costumizados para a realidade dos nossos programas e projetos. Cria o sentido de pertença e responsabilidade.

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